terça-feira, 4 de maio de 2010

Sugestões de leitura



Os volumes anteriores da colecção História de Portugal, respectivamente sobre a Ditadura de Salazar e a Guerra Colonial, parecem funcionar como antecedentes deste, que se centra na narrativa da Revolução de Abril propriamente dita, consequência quase natural de várias décadas de opressão, censura, pobreza e guerra. Neste livro, os elementos visuais mais marcantes são, além das personagens referenciais, retratadas com fidelidade e tornadas próximas pelo traço sensível da ilustradora, os objectos como os cravos e as espingardas. Estas, símbolo dos militares e do papel relevante desempenhado na mudança de regime, surgem, a par de outros elementos bélicos, conotadas com a Paz e a relativa tranquilidade que caracterizou a transição. Os cravos têm, na própria estrutura do livro, uma centralidade relevante, não só pelo impacto cromático da cor vermelha que surge disseminada por várias páginas, mas também por todas as conotações simbólicas que os caracterizam, associando-os ao movimento popular espontâneo, à vida e ao florescimento de um país depois de décadas de fechamento e isolamentos profundos, à esperança no futuro e nas novas gerações, aos movimentos políticos de esquerda, determinantes na preparação da acção revolucionária. Ana Margarida Ramos
(in Casa da Leitura)






Esta narrativa volta a provar a originalidade e a segurança da produção de David Machado, um escritor que se tem vindo a afirmar também no domínio da produção para a infância que, aliás, lhe valeu o importante Prémio Expresso/Gulbenkian/Branquinho da Fonseca. Com recurso aos vários tipos de cómico, sabiamente utilizados durante toda a história, e a um registo capaz de brincar com a linguagem e de comunicar com os leitores mais pequenos, a narrativa desenrola-se ao ritmo alucinante das aventuras do narrador, uma criança, e do seu avô para arranjar habitantes para um aquário. As pescarias sucedem-se e as surpresas não param de acontecer, surpreendendo (e assustando!) tudo e todos. O avô, transformado em cúmplice do neto, participa em todos os desafios que aquele lhe lança sem olhar – porque perdeu os óculos – a consequências. Quando, finalmente, pode observar o que se passa, o susto e a surpresa são totais e contagiam também os leitores. As ilustrações de Paulo Galindro sublinham a dimensão lúdica do texto, recriando com expressividade e humor as situações, sobretudo as mais cómicas. Ana Margarida Ramos (Casa da Leitura)

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